Na quinta-feira (13), o agente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) José Domingos da Silva foi assassinado enquanto trabalhava na zona oeste da cidade de São Paulo. O criminoso surgiu em uma motocicleta, exigiu seus pertences e, após reação de Silva, matou-o a tiros.
O episódio trágico foi gravado pela câmara corporal usada pela vítima, assim como outros casos recentes de latrocínio (roubo seguido de morte) na capital paulista foram de algum modo registrados em vídeo e ganharam notoriedade nas redes sociais, como noticiou a Folha.
É importante situar nas devidas proporções o que acontece na metrópole. Apesar de roubos e homicídios dolosos terem atingido no estado o menor patamar da série história deste século, o número de casos de latrocínio teve pequena alta, de 167 contados em 2023 para 170 no ano passado, puxada pela capital.
Na maior cidade brasileira, 53 pessoas foram vítimas desse crime em 2024, 10 a mais do que no ano anterior. Quando se leva em conta o numero de habitantes, o estado tem a menor taxa de homicídios do país e a 16ª maior de latrocínios, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça.
Ainda que os números não indiquem alguma anomalia em relação ao cenário nacional, é plenamente compreensível que os episódios despertem preocupação e temores na população. Eles expõem, ademais, a dificuldade da polícia em elucidar os crimes, o que demanda a atenção da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A lentidão no progresso das investigações em uma amostra de 10 casos acompanhados pela Folha —em 6 deles, não há suspeitos presos— condiz com a deficiência das apurações criminais no estado e no país.
Em novembro do ano passado, levantamento do Instituto Sou da Paz intitulado “Onde Mora a Impunidade” revelou que, em 2022, São Paulo esclareceu 40% dos homicídios dolosos —a média nacional foi de 39%, e a mundial, 63%.
Latrocínio é um crime violento que requer, de um lado, policiamento ostensivo inteligente em áreas em que há mais casos recorrentes e, de outro, um trabalho árduo de investigação e mapeamento de grupos organizados com acesso a armas.
Como aponta um analista ouvido pela reportagem, a elucidação pode ser mais difícil que no homicídio, em que o criminoso muitas vezes é um conhecido da vítima. Convém que as autoridades atentem para esse desafio.