Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (28) mostra que a população da Groenlândia é em sua grande maioria contrária a se separar da Dinamarca para passar a fazer parte dos Estados Unidos, um baque para a insistência do presidente americano Donald Trump de que a ilha está ansiosa para se juntar ao seu país.
Uma pesquisa da empresa Verian, encomendada pelo jornal dinamarquês Berlingske e pela publicação groenlandesa Sermitsiaq, mostrou que 85% da população do território ártico autônomo não quer fazer parte dos EUA. Cerca de 6% disseram que prefeririam o país em vez da Dinamarca e 9% estavam indecisos, de acordo com a pesquisa publicada na terça-feira.
Trump insiste que quer assumir a maior ilha do mundo por razões de segurança e se recusou a descartar o uso da força. Ele também argumentou que a população da Groenlândia preferiria fazer parte dos EUA. Seu interesse no território vem desde seu primeiro mandato no cargo.
“O povo da Groenlândia não está feliz com a Dinamarca”, disse Trump em 21 de janeiro. “Sabe, acho que eles estão felizes conosco.”
Essa visão não é compartilhada pelos líderes da Groenlândia, muitos dos quais estão, em vez disso, pressionando pela independência. Embora a ilha faça parte do Reino da Dinamarca, seus 57 mil habitantes têm ampla autonomia.
“Não queremos ser dinamarqueses, não queremos ser americanos, queremos, claro, ser groenlandeses”, disse recentemente o primeiro-ministro do território, Mute B. Egede.
Enquanto isso, a Dinamarca está fazendo o possível para lidar com a disputa com Trump. A primeira-ministra Mette Frederiksen trabalhou para angariar apoio de aliados europeus na terça com uma rápida turnê por Berlim, Paris e Bruxelas, buscando projetar unidade enquanto evita antagonizar o presidente dos EUA.
“Trump não deveria ter a Groenlândia”, disse Lars Lokke Rasmussen, ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, à mídia local em Copenhague na terça-feira. “A Groenlândia é a Groenlândia. O povo groenlandês é um povo também no sentido do direito internacional”, e eles determinam sua situação em última instância.
A pesquisa teve 497 entrevistas realizadas na internet de 22 a 26 de janeiro, incluindo uma amostra representativa de cidadãos groenlandeses com 18 anos ou mais. A margem de erro nas respostas é de cerca de 3,1 pontos percentuais.
A pesquisa também mostrou que 45% dos groenlandeses veem o interesse de Trump na Groenlândia como uma ameaça, disse Berlingske. Apenas cerca de 8% aceitariam um passaporte dos EUA se tivessem que fazer uma escolha instantânea entre a cidadania dinamarquesa e a americana, de acordo com o jornal.