16 mar 2025, dom

Lula diz que Galípolo vai entregar juros mais baixos – 30/01/2025 – Mercado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã desta quinta-feira (30) que não esperava um milagre do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e que ele entregará taxas de juros mais baixas.

Lula disse que o presidente do BC não pode dar “um cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra” ao ser questionado sobre o recente aumento de 1 ponto percentual na Selic.

“Já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente [Roberto Campos Neto], e Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer”, afirmou o presidente.

“Eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do BC e tenho certeza de que ele vai criar as condições de entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor no tempo que política permitir que ele faça”, completou.

Lula concedeu entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto. A conversa acontece em meio à mudança na Secom (Secretaria de Comunicação Social), com a chegada do publicitário Sidônio Palmeira, que já alertou a aliados que pretende dar mais visibilidade ao presidente.

A declaração vem após o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevar novamente a taxa básica de juros, na primeira reunião sob o comando de Gabriel Galípolo —nome de confiança de Lula, que o indicou para o cargo.

O Copom cumpriu o plano traçado em dezembro e elevou a taxa Selic em um ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano.

No comunicado, o comitê reafirmou a sinalização de que pretende fazer mais uma alta da mesma intensidade na próxima reunião, em março, citando a “continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação”. No entanto, evitou se comprometer com qualquer ritmo de ajuste em maio.

Se cumprir o prometido, a Selic vai atingir o pico registrado durante a crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016, no patamar de 14,25% ao ano.

O atual ciclo de alta de juros teve início em setembro do ano passado, na reta final da gestão de Roberto Campos Neto no BC. No ponto de partida, a taxa básica estava em 10,5% ao ano. A primeira elevação foi gradual, de 0,25 ponto percentual. No encontro de novembro, o comitê acelerou o passo pela primeira vez, com um aumento de 0,5 ponto.

O Copom, então, optou por um movimento mais agressivo em dezembro e deu um choque de juros. Além de subir a Selic em um ponto percentual, prometeu mais duas altas da mesma intensidade nas reuniões seguintes, em janeiro e março. Agora, concretizou a primeira parte da estratégia.

Gabriel Galípolo assumiu a presidência do Banco Central em janeiro deste ano, substituindo Roberto Campos Neto. Ele já atuava como diretor da instituição, após ter sido secretário-executivo do Ministério da Fazenda, levado por Fernando Haddad. Lula já descreveu Galípolo como “menino de ouro”.

A taxa de juros e o ex-presidente Roberto Campos Neto eram os alvos preferenciais dos ataques de Lula desde o início do seu terceiro mandato. O petista criticava a proximidade do então dirigente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o indicou para o cargo, e sugeria interesses políticos nas decisões da instituição.

Ao criticar a nova decisão do Copom, petistas fizeram questão de ressaltar que o novo aumento já havia sido determinado pela antiga gestão no Banco Central.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a alta dos juros “é péssima para o país e não encontra qualquer explicação nos fundamentos da economia real”. “Vai tornar mais cara a conta da dívida pública, sufocar as famílias endividadas, restringir o acesso ao crédito e o crescimento da atividade econômica”, afirmou nas redes sociais.

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