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Colossal: camundongos são marco para ressuscitar mamutes – 05/03/2025 – Ciência

Uma startup americana que busca ressuscitar espécies de animais extintas revelou a criação de “camundongos lanosos” geneticamente modificados. O feito, segundo a empresa, é um importante marco na tentativa de trazer os mamutes de volta à vida.

Segundo a Colossal Biosciences, os roedores mostraram várias características semelhantes às que ajudaram os mamutes a resistir ao frio.

Especialistas consideraram intrigante a criação dos roedores, contudo avaliaram que ainda é algo bem distante da ideia de ressuscitar um enorme mamute —ou, no caso da Colossal, um elefante geneticamente modificado com as características biológicas de seu predecessor pré-histórico.

Criar um mamute lanoso do zero exigiria amostras genéticas e tecnologia além do que está disponível, então o plano da Colossal é usar elefantes asiáticos como seu organismo base.

“O ‘camundongo lanoso’ da Colossal marca um momento crucial em nossa missão de ‘desextinção’”, disse o CEO da empresa, Ben Lamm. “Provamos nossa capacidade de recriar combinações genéticas complexas que a natureza levou milhões de anos para criar.”

Nesta terça-feira (4), a Colossal disse que modificou sete genes simultaneamente para dar aos “camundongos lanosos” pelos semelhantes em espessura, textura e cor aos daqueles encontrados nos mamutes.

O trabalho baseou-se na análise de dados genéticos de 59 mamutes lanudos, colombianos e da estepe que viveram entre 3.500 e mais de 1,2 milhão de anos atrás.

Embora desperte curiosidade, a atuação da empresa também levanta questões sobre a viabilidade, a necessidade e a ética de restaurar espécies extintas, ou imitações delas. A Colossal argumenta que seu trabalho não é um projeto de vaidade no estilo do filme “Jurassic Park”, e sim um esforço valioso para reintroduzir animais, como o dodô e o lobo-da-tasmânia, em ecossistemas onde eles costumavam vagar –e fazer descobertas científicas cruciais ao longo do caminho.

A startup e seus parceiros trabalham em tecnologias de útero artificial que poderiam ajudar nos esforços para proteger espécies ameaçadas de extinção, bem como restaurar mamutes e outros animais extintos.

Os camundongos recém-criados são um “modelo vivo para estudar adaptações ao clima frio em mamíferos”, segundo a empresa. As edições genéticas alteraram o pelo dos roteadores para fazê-lo crescer mais e com uma textura mais lanosa, dando-lhes pelos ondulados e bigodes encaracolados. Eles também ganharam uma versão de um gene que afeta o metabolismo de gorduras e assim ajuda a regular o peso corporal em condições frias.

A tecnologia usada nos “camundongos lanosos” ofereceu uma “oportunidade emocionante para testar algumas de nossas ideias sobre organismos extintos”, disse a bióloga evolucionária Louise Johnson, da Universidade de Reading, no Reino Unido. Ela acrescentou, porém, que a maioria das alterações genéticas usadas já eram conhecidas por mudar os pelos dos roedores, então “você poderia, teoricamente, produzir camundongos assim apenas cruzando camundongos com pelos estranhos”.

O professor de ciência de células-tronco Dusko Ilic, do King’s College London, afirmou que o refinamento dos dados genéticos para tornar as edições compatíveis com os camundongos foi um “marco notável”, mas que traduzir a abordagem para elefantes representaria “desafios significativos”.

Os períodos de gestação dos elefantes de 18 meses ou mais são os mais longos do que qualquer outro mamífero. Esses animais geralmente dão à luz a um único filhote, que levam pelo menos dez anos para atingir a maturidade sexual.

“Quantas elefantas precisariam passar por gestações experimentais para dar à luz a um ‘elefante peludo’?” questionou Ilic. “E quanto tempo levaria até que o primeiro híbrido desse tipo nascesse?”

Em janeiro, a Colossal levantou US$ 200 milhões em uma rodada de financiamento liderada pela TWG Global. Esta última é coliderada pelo executivo-chefe da Guggenheim Partners, Mark Walter, e Thomas Tull, fundador da empresa de mídia Legendary Entertainment e produtor de vários filmes de sucesso, incluindo “Batman Begins” e “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan.

Os investidores privados da Colossal incluem o diretor, produtor e roteirista vencedor do Oscar, Peter Jackson, mais conhecido pelos filmes “O Senhor dos Anéis”.

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