O primeiro bimestre terminou com bons resultados para o setor automotivo. Foram produzidos 392,9 mil veículos leves e pesados, segundo a Anfavea (associação das montadoras), um crescimento de 14,8% em relação aos meses de janeiro e fevereiro de 2024.
Segundo a entidade, é o melhor resultado para o período desde 2021, mas a comparação é distorcida devido à pandemia de Covid 19.
Um dos motivos do crescimento da produção é a retomada das exportações, que teve alta de 54,9% no bimestre em relação aos dois primeiros meses do ano passado. Pelo cálculo da Anfavea, o ano começou com 76,7 mil veículos enviados ao exterior, conta que reúne veículos de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Em sua última entrevista coletiva como presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite celebrou os resultados e voltou a exigir o retorno integral do Imposto de Importação sobre eletrificados para conter o avanço das marcas chinesas. Mas há uma outra preocupação: o custo do crédito para o consumidor.
“Temos um custo recorde do financiamento para pessoa física, ao mesmo tempo que a inadimplência é uma das menores da história”, disse Leite. O executivo será substituído por Igor Calvet, primeiro presidente vindo do mercado, sem ligação com alguma montadora.
A preocupação com o crédito está relacionada ao receio de desaceleração nas vendas do varejo. O avanço da inflação leva o Banco Central a elevar a taxa básica de juros do país, e esse movimento influencia diretamente o custo dos financiamentos bancários.
Apesar de os resultados de emplacamentos também terem sido positivos no primeiro bimestre, com alta de 9% em relação ao mesmo período do ano passado, a Anfavea enxerga problemas no horizonte com o desaquecimento das vendas no geral.
Nesta sexta (14), o ó IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o volume de vendas do comércio varejista ficou praticamente estagnado em janeiro, com leve recuo ante dezembro (-0,1%).Foi o terceiro mês consecutivo com variação negativa e próxima de zero, após o recorde da série histórica, alcançado em outubro do ano passado.
Nesse ambiente, a redução das taxas de financiamento poderia ajudar a manter o crescimento do setor automotivo, mas é uma possibilidade pouco provável no curto prazo. Essa será a nova cruzada da Anfavea sob o comando de Igor Calvet.