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Eram por volta das 3h15 desta segunda (3) quando o segurança Juraci ouviu um estrondo que vinha do Teatro Oficina. Ao entrar, viu a cesalpina, árvore plantada nos anos 1980 pela arquiteta Lina Bo Bardi, caída no chão, do lado de fora do espaço cultural.
“Ele mandou um vídeo muito emocionado para todos nós. Ela tombou inteira, não se quebrou”, diz a atriz, porta e dramaturga do grupo teatral Cafira Zoe.
Na queda, ela quebrou um dos vidros que compõem o janelão do teatro. Há a suspeita de que a árvore pode ter sido atingida por um raio, já que chovia muito no momento do ocorrido e uma avaliação recente mostrou que ela estava saudável, diz a Cafira. “Não tinha cupim, nada.”
Como o teatro é tombado, e a cesalpina estava incluída nesta preservação, ela não pode ser retirada antes de uma avaliação da situação. Técnicos ambientais estão indo para o Oficina para averiguar o que ocorreu e se de fato a árvore morreu.
“Nos fundos do teatro, no terreno onde será o Parque Bexiga, um abacateiro tombou, mas ele segue deitado e dando frutos”, diz Cafira. “Como há ainda algumas raízes da Cesalpina na terra, pode ser que ela siga viva e, a partir disso, avaliamos mantê-la tombada.”
Segundo a atriz, a arquiteta Lina Bo Bardi sugeriu ao dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso plantar no local três palmeiras imperais. Como as raízes eram muito longas, porém, eles avaliaram que não seria uma boa ideia, já que as palmeiras poderiam prejudicar o piso do teatro. “Ela começou então a trazer mudas que pegava das ruas da cidade”, conta a atriz.
Com as raízes dentro do teatro, a árvore foi crescendo para fora, em direção ao terreno do lado, onde Zé lutou por anos pela criação do Parque do Rio Bixiga, cujo projeto foi aprovado no ano passado na Câmara Municipal de São Paulo.
“A cesalpina estava na vanguarda da luta pelo parque do Rio Bexiga. [A sua queda] É um gesto muito forte, um pouco chocante, mas tem uma beleza bruta. É um símbolo de renascimento, de brotar um novo tempo no Oficina.”