São Paulo
(Alerta de spoilers) É o fim da Lolaland. “Beleza Fatal” terminou nesta sexta (21) sem economizar no exagero, como fez ao longo dos seus 40 capítulos.
Teve muito berro, julgamento, prisão, incêndio, a grande punição da vilã Lola (Camila Pitanga) e a melhor escolha do autor, Raphael Montes, para quem matou Benjamin (Caio Blat). Além disso, um fato raríssimo em novelas: Sofia (Camila Queiroz), a mocinha vingadora, não chegou a comer o pão que o diabo amassou como sua arqui-inimiga, mas também não encontrou seu final feliz.
Montes foi fiel ao que veio construindo nos últimos 15 capítulos de sua história: mais do que vingança, Sofia se perdeu numa admiração sem limites a Lola, ultrapassando de longe o limite da justiça e botando em risco a sua família. Por tudo isso, terminou sozinha, sem seu Pompom, e ouvindo da inimiga uma amarga verdade que soou mais como praga.
Foi um final bastante ousado se pensarmos que a cartilha da novela reza que no final deve haver conciliação, e não solidão; e que a mocinha deveria finalmente conquistar o seu amor. Esse foi mais um dos golpes certos do autor, que marcou várias inovações que uma novela do streaming, longe da pressão dos anunciantes, pode ter em relação às da TV aberta. Lembremos, entre outras, do despudor das cenas de sexo, do uso muito mais frequente de palavrões e de uma violência próxima dos filmes policiais.
QUEM GANHA É A NOVELA
No entanto, onde muita gente está vendo uma concorrência feroz e desleal, o fato é que foi a novela como gênero saiu ganhando com “Beleza Fatal”. E a Globo, no fim das contas, não pode reclamar: em vez de “Mania de Você”, é a novela da Max que vai entregar uma boa audiência ao remake de “Vale Tudo”, ao fazer de um gênero até outro dia tido como morto um produto “hype” até para a Geração Z. Afinal, os memes, trechos de cenas e frases icônicas da vilã reproduzidos à exaustão nas redes foram o melhor boca-a-boca para a novela.
Além de um público aquecido, agora curioso para ver o remake da “novela das novelas”, como a Globo anda chamando sua nova velha trama, espero do fundo do coração que a saga ultracolorida de Sofia e Lola entregue também um bom bocado de ousadia a “Vale Tudo”.
Novela é melodrama, e melodrama é conflito. Filtros demais nos vilões e nos conflitos só servem para deixar uma história mais morna, e isso não interessa a ninguém. Um viva a “Beleza Fatal”. “Vale Tudo”, mostra a tua cara!