Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consideraram um equívoco o STF (Supremo Tribunal Federal) ter formado maioria para manter os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin no julgamento da trama golpista de 2022.
Já votaram contra o afastamento o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, além de Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Dias Toffoli, Edson Fachin e Cármen Lúcia. Faltam votar André Mendonça e Nunes Marques, indicados à corte por Bolsonaro, e o ministro Luiz Fux.
Para o deputado Cabo Gilberto (PL-PB), a decisão é equivocada e compromete todo o julgamento do ex-presidente. “Os votos desses ministros não serão imparciais”, afirma. “O julgamento, da forma que está sendo conduzido, não respeitando o devido processo legal, não tem como ser defendido por qualquer jurista. Isso é uma péssima mensagem.”
Ex-líder da oposição, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) compara a situação com o julgamento sobre a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador pelo Paraná, no processo que levou à condenação do presidente Lula (PT) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).
“Anularam os processos de Lula alegando que Sergio Moro seria suspeito para julgá-lo, ou seja, parcial”, diz. “Mas Zanin, ex-advogado e padrinho de casamento de Lula, Dino, ex-ministro e amigo pessoal de Lula, e Moraes, inimigo declarado de Bolsonaro e ‘vítima’ do processo, podem julgar Bolsonaro e não serão declarados suspeitos ou impedidos”, complementa. “E ainda há quem diga que vivemos numa democracia.”
Já a deputada Caroline de Toni (PL-SC), ex-presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, afirma que princípios basilares como suspeição e impedimento estão sendo ignorados pela “sanha de silenciar um homem que inaugurou um novo tempo no Brasil.” “A escolha de adversários declarados de Bolsonaro para julga-lo é a prova cabal de que vivemos num estado de exceção”, diz.
Também ex-presidente da CCJ, a deputada Bia Kicis (PL-DF) diz não ter ficado surpresa. “Esse processo não segue o devido processo legal desde o início. Por que esperar algo diferente agora?”