15 mar 2025, sáb

Como a economia explica o mundo – 15/03/2025 – Hélio Schwartsman

Breve e certeiro são dois adjetivos que descrevem bem “How Economics Explains the World” (Como a Economia Explica o Mundo), de Andrew Leigh. Em menos de 200 páginas, ele descreve como forças econômicas moldaram a história.

Leigh começa com a agricultura, que criou a possibilidade de acumular riqueza e permitiu a especialização do trabalho, e termina na pandemia, cujo impacto inflacionário, agravado pela invasão da Ucrânia, até hoje afeta o resultado de eleições mundo afora.

Uma coisa que Leigh faz muito bem é mostrar como conceitos econômicos que podem parecer abstratos, como estrutura de incentivos, custos de oportunidade, utilidade marginal decrescente, geram efeitos concretos.

Um exemplo: foram restaurantes europeus e não americanos que primeiro desenvolveram sistemas eletrônicos de registrar pedidos. Fizeram-no décadas antes do iFood. E por causa dos incentivos. Contratar um funcionário na Europa é muito mais caro que nos EUA.

Outro resultado inesperado da estrutura de incentivos é que, quando os EUA mudaram os impostos sobre a herança, moribundos responderam, morrendo um pouco mais tarde a fim de extrair maiores benefícios fiscais.

Apesar do espaço apertado, Leigh traz até discussões filosóficas para o livro. Dinheiro traz felicidade? As primeiras pesquisas sugeriram que sim, mas só até certo ponto. Análises mais recentes mostram que a felicidade sempre aumenta, tanto entre nações como dentro de cada país. Ainda assim, o autor, com base no princípio da utilidade marginal, recomenda a adoção de um imposto fortemente progressivo. É que um dólar adicional traz mais felicidade para quem não tem quase nenhum do que para quem já tem muitos.

Apesar da brevidade, e, portanto, da densidade do livro, Leigh ainda encontra espaço para contar boas historietas, como a de que o jogo Banco Imobiliário (Monopoly) foi inspirado nos barões ladrões, como era chamada a elite empresarial dos EUA no final do século 19. E o jogo era uma crítica, não uma bajulação, a eles.


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