14 mar 2025, sex

Cotação do dólar e sessão da Bolsa hoje (14); acompanhe – 14/03/2025 – Mercado

O dólar abriu em leve queda nesta sexta-feira (14), com os investidores atentos com notícias sobre os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que têm gerado tensões comerciais.

Às 9h03, a moeda dos EUA caía 0,25%, cotada a R$ 5,7827 na venda. Na semana, a moeda acumula baixa de 0,11%.

Na quinta-feira (13), o dólar fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 5,797, e a Bolsa disparou 1,43%, a 125.637 pontos, com a força dos pesos-pesados Vale, Petrobras e setor bancário descolando o Ibovespa do restante das praças acionárias globais.

Os investidores se mantiveram atentos à guerra de tarifas entre Estados Unidos, Canadá e União Europeia, bem como a dados norte-americanos de emprego e de inflação ao produtor.

Depois que as tarifas de importação de 25% sobre produtos de aço e alumínio entraram em vigor na quarta-feira, países afetados retaliaram. O Canadá, principal parceiro comercial dos Estados Unidos na categoria, disse que irá impor 29,8 bilhões de dólares canadenses (R$ 120,3 bi) em tarifas a partir desta quinta.

Já a União Europeia anunciou tarifas retaliatórias sobre 26 bilhões de euros (R$ 164,9 bi) em produtos norte-americanos a partir do próximo mês, como barcos, uísque e motocicletas Harley Davidson. Outras categorias também podem entrar na lista.

O Brasil, segundo maior fornecedor de aço e alumínio dos EUA, deve optar pela via da “reciprocidade e do diálogo”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em publicação nas redes sociais.

“Reciprocidade e diálogo são princípios que devem nortear a relação entre países. O Brasil é, e vai continuar sendo, dos brasileiros”, escreveu Lula.

Nada foi anunciado por enquanto, mas o Itamaraty, em nota, classificou a medida como “injustificável e equivocada” e disse avaliar a apresentação de um recurso à OMC (Organização Mundial do Comércio).

O presidente Donald Trump, em resposta às represálias, subiu o tom. Nesta quinta, ameaçou aplicar uma taxa de 200% sobre vinhos e outros produtos alcoólicos provenientes da UE caso o bloco não retire a tarifa sobre o uísque. Ele, no entanto, disse continuar aberto a negociações e que tarifas mais altas não são do interesse de ninguém.

O tarifaço tem inspirado cautela nos mercados globais. “A retaliação dos países atingidos pelas tarifas de Trump adiciona mais risco geopolítico, o que, consequentemente, resulta em maior incerteza e aversão ao risco por parte dos inve stidores”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

“Há um movimento defensivo em curso que se expressa pela queda dos mercados asiáticos, europeus e americanos.”

No Brasil, empresas pesos-pesados levaram o Ibovespa a descolar do exterior. Vale subiu 1,38%, endossada pela alta dos futuros do minério de ferro na China, e as ações preferenciais da Petrobras avançaram 1%, depois de acumularem perda de 1,5% ao longo da semana.

Itaú teve ganhos de 1,62% e Bradesco subiu 1,75%, seguidos por Banco do Brasil (1,63%) e Santander (1,12%).

Além disso, a B3 subiu 10,48% após a Câmara Superior do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) decidir em favor da companhia, cancelando definitivamente o auto de infração da Receita Federal que questionava a amortização do ágio gerado na incorporação da Bovespa em 2008. O valor do processo era de R$ 5,77 bilhões.

O dia também foi positivo para CSN e CSN Mineração, que saltaram 7,91% e 9,09%, respectivamente, em reação ao resultado trimestral da companhia.

“Vale notar que não é um dia típico de propensão a risco”, afirma Spiess. A maior preocupação é que a guerra comercial escale e distorça cadeias de suprimentos globais, o que pode encarecer diversas categorias de produtos. No caso específico dos Estados Unidos e de outras potências econômicas, como a Alemanha, há ainda temores de que o tarifaço provoque uma recessão.

“Está ficando muito agitado agora, porque as tarifas estão indo e vindo e ninguém sabe até onde isso pode ir”, disse Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank.

“Sejam elas efetivas ou táticas de negociação, as tarifas aumentam as expectativas de inflação e é por isso que os mercados estão em pânico neste momento.

Se o tarifaço aumentar o custo de vida dos norte-americanos, é possível que a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) contra a inflação sofra um revés e force a manutenção da taxa de juros em patamares elevados. Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.

Juros altos também inibem a atividade econômica, mas o Fed ainda vê os principais indicadores econômicos em “progresso contínuo”.

Divulgado nesta quinta, o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada. Mas analistas alertam que os cortes acentuados nos gastos do governo e a escalada das tensões comerciais podem ameaçar a estabilidade do mercado de trabalho.

Um outro relatório mostrou que os preços ao produtor dos EUA ficaram inalterados em fevereiro, em dado melhor que o esperado por economistas em pesquisa da Reuters.

Já na véspera, foi divulgado que o CPI (índice de preços ao consumidor) avançou 0,2% em fevereiro, ante 0,5% em janeiro. No acumulado de 12 meses, desacelerou para 2,8%, depois de marcar 3% no mês anterior.

O Fed pausou o ciclo de cortes na taxa no início do ano, sob justificativa de resiliência do mercado de trabalho e inflação ainda acima da meta de 2%. Na reunião da próxima semana, a expectativa é que os juros sejam mantidos novamente na faixa atual de 4,25% e 4,5%.

“Apesar de o Fed deixar claro que não toma decisões com base em leituras individuais, o resultado do CPI de fevereiro favorece as possibilidades de um ciclo de afrouxamento maior do que o esperado até poucas semanas atrás. Atualmente, existe probabilidade implícita de um próximo corte em junho. Ao mesmo tempo, o potencial inflacionário da guerra comercial seguirá no radar”, diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

Com Reuters

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