Nunca saberemos como teria sido o ano de 1982 para Elis Regina, que morreu precoce naquele dia 19 de janeiro. Mas agora pela primeira vez poderemos ter uma ideia melhor de como ela queria que fosse o ano.
Na pesquisa para encorpar a nova edição de sua biografia “Elis: Nada Será Como Antes”, o jornalista Julio Maria obteve um acesso inédito às últimas anotações que a cantora fez em vida. Surgiram na mão do biógrafo, por uma fonte da família, duas cadernetas em que a gaúcha escrevia obsessivamente à época.
Naquelas páginas, havia planos de como seria seu próximo disco, quem gostaria que a entrevistasse e fotografasse, como seria a agenda ideal para uma turnê —inclusive qual época do ano era mais agradável para visitar cada um dos estados escolhidos— e uma lista de mais de 20 músicas que queria gravar.
Entre eles, compositores que nunca viram sua letra ganhar a voz de Elis Regina, como o paulista Filó Machado. “É gente que poderia ter a vida transformada por uma gravação da Elis”, diz Julio Maria.
A versão atualizada da biografia sai em março, trocando a Master Books pela Companhia das Letras, para marcar os 80 anos do nascimento da Pimentinha, que morreu aos 36. Na revisão, o autor acabou mudando bem mais conteúdo do que previa.
Acabou adicionando acontecimentos recentes, como um mergulho detalhado nos bastidores daquele famigerado comercial em que uma Elis resgatada por inteligência artificial dividia o assento de um Volkswagen com a filha Maria Rita.
Outra mudança relevante é na fluência do texto, diz o jornalista, que adicionou mais aspas diretas da biografada, quase ausentes do original de dez anos atrás. “Fui revendo suas entrevistas e me dando conta de que a força da palavra de Elis é tão grande quanto a de seu canto.”
RESISTINDO O novo festival Poesia no Centro, organizado pela Livraria Megafauna, acaba de fechar sua primeira convidada internacional. Será a poeta americana Tracy K. Smith, que publica pela editora Relicário seu livro “Vida em Marte”, vencedor do Pulitzer em 2012, com tradução de Stephanie Borges. O lançamento será bem na época do festival, que acontece de 16 a 18 de maio no Teatro Cultura Artística, em São Paulo. A autora, que ainda é inédita no Brasil, lançará ainda pela Malê, um mês antes, “Uma Fome Tão Afiada”, coletânea de poemas traduzida por Salgado Maranhão e Alexis Levitin.
NA BOCA DA NOITE Além da biografia de Elis, a Companhia das Letras comprou também os direitos de editar o romance que catapultou Camila Sosa Villada no Brasil, “O Parque das Irmãs Magníficas”, antes propriedade da Tusquets. Só que o livro vai ganhar um novo título, “As Malditas”, mais próximo do original, “Las Malas”. A casa já era dona do outro romance da argentina, “Tese sobre uma Domesticação”.
UM GOSTO DE SOL ”O Colibri”, do italiano Sandro Veronesi, foi o maior sucesso de vendas entre as ficções da Autêntica Contemporânea no último ano. Então, a editora aproveitou para comprar mais dois livros do escritor. Primeiro, em maio, vai lançar a sua obra mais recente, de título traduzível como “Setembro Negro”, sobre a perda da inocência de um menino de 12 anos na Itália dos anos 1970. Depois, vai reeditar “Caos Calmo”, antes publicado pela Rocco, pelo qual o autor venceu seu primeiro prêmio Strega —o segundo veio com “O Colibri”.