O grupo energético norueguês, apoiado pelo Estado, que retirou o “oil” (petróleo em inglês) do nome como parte de um impulso para as energias renováveis, está voltando aos combustíveis fósseis em busca de retornos para os acionistas.
A Equinor, chamada de Statoil até 2018, anunciou nesta quarta-feira (5) que planeja aumentar a produção de combustíveis fósseis e reduzir pela metade seus gastos com renováveis. O diretor executivo Anders Opedal afirmou que o objetivo é “criar valor para os acionistas nas próximas décadas”.
Sob suas novas metas, a empresa planeja produzir 2,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030, 10% a mais do que as expectativas anteriores.
Por outro lado, a empresa reduziu sua meta de capacidade de renováveis para 10 GW (gigawatts) a 12 GW, de uma meta anterior de 12 GW a 16 GW. O investimento em renováveis e outras tecnologias de baixo carbono entre 2025 e 2027 será reduzido para US$ 5 bilhões, abaixo dos cerca de US$ 10 bilhões anteriormente previstos, excluindo o financiamento de projetos.
“A Equinor está bem posicionada para mais crescimento e retornos competitivos para os acionistas”, disse Opedal ao divulgar os resultados da empresa para 2024.
O grupo agora espera um fluxo de caixa livre mais forte, que seria alcançado “melhorando o portfólio, reduzindo a perspectiva de investimento em renováveis e soluções de baixo carbono, e melhorando os custos em toda a nossa organização”, acrescentou.
Opedal afirmou que a direção estratégica geral da empresa não mudou e que ainda visa alcançar “emissões líquidas zero” até 2050.
“Continuamos a reduzir as emissões de nossa produção e a construir negócios lucrativos em renováveis e soluções de baixo carbono”, disse ele. “Ao nos adaptarmos à situação do mercado e às oportunidades, estamos prontos para criar valor para os acionistas nas próximas décadas.”
A mudança da Equinor ocorre após a Shell e a BP diluírem planos de diversificação dos combustíveis fósseis sob pressão dos acionistas para continuar fornecendo retornos ao nível de petróleo e gás.
Analistas esperam que a BP anuncie reduções ou diminua sua meta de capacidade renovável até 2030 este mês.
A Vitol, maior trader independente de energia do mundo, afirmou esta semana que a demanda global por petróleo não cairá até pelo menos 2040, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu no mês passado, com o jargão “perfure, baby, perfure”, explorar os recursos petrolíferos do país.
O anúncio da Equinor vem após a empresa ter dito em outubro que estava comprando uma participação de quase 10% na Ørsted, maior desenvolvedor de energia eólica offshore do mundo. Esse movimento aproximará a Equinor de suas metas de renováveis por menos dinheiro do que custaria desenvolver a capacidade do zero por conta própria.
Paralelamente, também nesta quarta, o diretor executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, disse que “não vale a pena” buscar projetos de energia eólica offshore nos EUA nos próximos quatro anos, pois têm “pouca chance de serem autorizados” devido à oposição de Trump.
A Total suspendeu um parque eólico planejado na costa de Nova York e Nova Jersey em novembro, mas Pouyanné disse que o grupo retornaria ao projeto em uma data posterior.
Apesar disso, o diretor executivo afirmou que a Total ainda investiria em renováveis nos EUA e que esperava que projetos dependentes do apoio de estados dos EUA, em vez do governo federal, continuassem.
Os comentários vieram junto ao relato de um lucro líquido de US$ 18,3 bilhões da Total em 2024, uma queda de 21% em relação ao ano anterior devido ao enfraquecimento dos mercados de petróleo e à queda nas margens de refino.
A empresa disse que cortaria sua meta de investimento orgânico para 2025 de US$ 18 bilhões para US$ 17 bilhões.