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O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, prendeu um estudante indiano da Universidade de Georgetown, em Washington, e tenta deportá-lo após considerá-lo uma ameaça à política externa americana, disse o advogado do estudante na quarta-feira (19).
O Departamento de Segurança Interna dos EUA acusou Badar Khan Suri de ter ligações com o grupo palestino Hamas e afirmou que ele espalhou propaganda da organização e antissemitismo nas redes sociais, de acordo com uma declaração compartilhada com a Fox News.
A declaração do DHS para a Fox News, que foi repostada pelo vice-chefe de Gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, não citou evidências. Disse que o secretário de Estado Marco Rubio determinou que as atividades de Suri “o tornaram deportável”.
Suri —que está vivendo nos EUA com um visto de estudante e é casado com uma cidadã americana— foi detido em Alexandria, Louisiana, e aguarda uma data no Tribunal de Imigração, disse seu advogado. Agentes federais o prenderam fora de sua casa em Rosslyn, na Virgínia, na noite de segunda-feira (17).
O caso surge enquanto Trump busca deportar estrangeiros que participaram de protestos pró-palestinos contra a guerra de Israel, aliado dos EUA, em Gaza, após um ataque do Hamas em outubro de 2023. As medidas de Trump geraram protestos de grupos de direitos civis e defesa dos imigrantes, que acusam sua administração de visar injustamente críticos políticos.
Suri é um bolsista de pós-doutorado no Centro Alwaleed Bin Talal para o Entendimento Muçulmano-Cristão de Georgetown, que faz parte da Escola de Serviço Estrangeiro da universidade.
“Se um acadêmico realizado que se concentra na resolução de conflitos é quem o governo decide que é ruim para a política externa, então talvez o problema esteja no governo, não no acadêmico”, disse o advogado de Suri em um e-mail.
Um porta-voz da Universidade de Georgetown disse que a instituição não recebeu uma razão para a detenção de Suri e não está ciente de que ele estivesse envolvido em qualquer atividade ilegal.
A esposa de Suri, Mapheze Saleh, é cidadã dos EUA, disse seu advogado. Saleh é de Gaza, de acordo com o site da Universidade de Georgetown, que afirmou que ela escreveu para a Al Jazeera e veículos de mídia palestinos e trabalhou com o Ministério das Relações Exteriores em Gaza. Saleh não foi presa, acrescentou o advogado.
O próprio Suri dá aulas em uma disciplina neste semestre sobre “Majoritarismo e Direitos das Minorias no Sul da Ásia” e possui um doutorado em estudos de paz e conflito por uma universidade na Índia, segundo o site da Universidade de Georgetown.
No início deste mês, o governo Trump prendeu e tentou deportar o estudante da Universidade de Columbia, Mahmoud Khalil, por sua participação em protestos pró-palestinos. Khalil contesta a detenção na Justiça.
Trump, sem evidências, acusou Khalil de apoiar o Hamas. A equipe jurídica de Khalil afirma que ele não tem vínculos com o grupo militante que os EUA designam como uma “organização terrorista estrangeira.”
Trump alegou que manifestantes pró-palestinos são antissemitas. Defensores pró-palestinos, incluindo alguns grupos judeus, dizem que suas críticas ao ataque de Israel a Gaza e seu apoio aos direitos palestinos são erroneamente confundidos com antissemitismo por seus críticos.