Um dia depois de encerrar o cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas com violentos ataques aéreos à Faixa de Gaza, o governo de Israel reocupou um trecho do território conhecido como corredor de Netzarim, que o divide ao meio.
O corredor é estratégico para o controle de ir e vir e movimentações militares na região arruinada pela guerra iniciada após o Hamas atacar o Estado judeu em 7 de outubro de 2023. Ele havia sido desocupado como parte da primeira fase do cessar-fogo ora suspenso, que havia entrado em vigor em 19 de janeiro passado.
Com isso, as tropas israelenses estão em posição para outras ações terrestres, provavelmente incursões. Tel Aviv ainda controla outro corredor, o Filadélfia, que separa o sul da faixa do Egito.
O fato de ter ficado naquele trecho foi uma das alegações do Hamas para não levar em frente o cessar-fogo proposto pelos EUA, que levaria a 50 mais dias de pausa nos combates, quando ficou claro que o grupo e Israel não iriam cumprir o cronograma anterior.
Do lado israelense, a queixa é a demora na liberação dos reféns tomados no 7 de Outubro ainda em mãos do Hamas —59, talvez 24 dos quais ainda vivos. A volta dos ataques provocou fúria entre familiares dos cativos, e grandes protestos contra o governo de Binyamin Netanyahu.
O premiê, empoderado pelo apoio renovado do americano Donald Trump a suas políticas, perpetua sua posição de líder em guerra em um país cindido quanto a isso. Sem o conflito, lá e em outras frentes, o apoio da ultradireita a seu governo no Parlamento tende a evaporar.
Netanyahu foi amplamente condenado pela comunidade internacional pela violação do cessar-fogo. Isso, mas principalmente a pressão doméstica, levou a uma redução na intensidade dos ataques aéreos nesta madrugada de quarta (19).
No período, morreram ao menos 14 pessoas, elevando a 430 o número de mortos desde o reinício dos ataques. Na conta do Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e acusado por Israel de inflar números, são 49.547 os palestinos mortos no conflito até aqui. O ataque terrorista que o originou deixou cerca de 1.200 mortos em Israel.
Apesar da animosidade, o Hamas disse nesta quarta que está disposto a negociar com Tel Aviv. O grupo está sem muitas opções, dada sua fraqueza militar e o fato de que a rede de apoio na região foi severamente degradada no conflito mais amplo.
Bancados pelo Irã, Hamas e o libanês Hezbollah foram desarticulados militarmente e viram suas lideranças dizimadas. A ditadura síria que servia de ponto logístico da rede centrada em Teerã caiu. Sobraram os houthis do Iêmen, que agem a longas distâncias e ora são alvo de uma renovada ação dos EUA.