A Nasa afirmou nesta quarta (29) que cumprirá assim que for possível o plano, estabelecido no ano passado, para o retorno de Sunita Williams e Barry Eugene Wilmore à Terra. Os dois astronautas estão na Estação Espacial Internacional (ISS) desde junho.
A agência se manifestou após Donald Trump sugerir que deseja um retorno mais rápido para a tripulação. Na terça (28), o presidente disse que pediu à SpaceX, de Elon Musk, para trazer de volta a dupla. Já há uma missão programada para fazer tarefa no fim de março.
Musk, por sua vez, afirmou que Trump pediu a ele para trazer os astronautas “o mais rápido possível”, sugerindo uma mudança no plano atual da Nasa, que prevê o retorno no fim de março. “Faremos isso”, respondeu o CEO da SpaceX.
Os astronautas foram deixados na ISS por causa de problemas com a Starliner, da Boeing. As falhas na cápsula levaram a Nasa a decidir que eles regressariam do espaço em uma nave da SpaceX. Joe Biden não teve envolvimento nessa decisão da agência.
A exigência de Trump foi uma intervenção incomum de um presidente dos EUA nas operações da Nasa e pegou muitos funcionários da agência de surpresa, segundo dois deles.
Hoje, Wilmore e Williams estão entre os sete astronautas na ISS. Eles permanecem saudáveis e ocupados com pesquisas científicas de rotina a bordo da estação, de acordo com a Nasa.
Um porta-voz da Nasa, que supervisiona os voos da SpaceX para a ISS, disse que a Nasa e a SpaceX estão trabalhando rapidamente para retornar com segurança os astronautas assim que for possível e que também se preparam para o lançamento de outra missão para completar a transição entre as expedições.
Wilmore e Williams voaram na Starliner para a ISS, em junho do ano passado, para uma missão de teste de oito dias. Contudo, a missão teve de ser estendida devido a problemas no sistema de propulsão da nave.
Em agosto, durante a administração de Biden, a agência considerou arriscado que os astronautas voltassem para a Terra na Starliner. Com isso, a cápsula retornou vazia.
Os astronautas voltarão em uma espaçonave Crew Dragon, da SpaceX. Essa nave, da missão Crew-9, já está acoplada à ISS. Originalmente, sua viagem rumo à Terra ocorreria em fevereiro, mas acabou adiada para o fim de março.
O adiamento, segundo a Nasa, ocorreu porque a SpaceX precisava de mais tempo “para concluir o processamento” de outra Crew Dragon, a da missão Crew-10.
Basicamente, a Crew-10 substituirá a Crew-9. Assim, um retorno antecipado da Crew-9 pode desfalcar a equipe americana na estação espacial.
Não está claro se a demanda de Trump significa que a Nasa trará a Crew-9 de volta à Terra antes da chegada da cápsula da Crew-10, ou se a SpaceX lançará a Crew-10 mais cedo do que o planejado.
Embora a manifestação da Nasa tenha dado a entender que o plano de retorno dos astronautas permanece inalterado, ela não respondeu se a data de lançamento da Crew-10 será antecipada.
Apesar de o desenvolvimento da Starliner ter sido um desafio para a Boeing, repleto de problemas de engenharia e estouros de custos, alguns conselheiros de Trump têm tentado nos últimos meses culpar Biden, embora o ex-presidente não tenha tido envolvimento no desenvolvimento da Starliner.
Desde 2020, a Nasa vem usando a Crew Dragon para transportar astronautas dos EUA para a ISS. A espaçonave da SpaceX foi desenvolvida sob um contrato de mais de US$ 3 bilhões no âmbito do Programa de Tripulação Comercial da agência. O programa foi criado durante o mandato de Barack Obama.
A Starliner foi desenvolvida sob o mesmo programa em um contrato de aproximadamente US$ 4,5 bilhões, porém registrou problemas em testes não tripulados e uma série de desafios de engenharia.
A missão de Wilmore e Williams marcou o primeiro voo tripulado da Starliner e deveria ser o teste final da cápsula antes de passar a voar de forma rotineira. No entanto, problemas no sistema de propulsão forçaram a Nasa a trazê-la vazia de volta à Terra e lançaram seu futuro na incerteza.