15 mar 2025, sáb

A informação não chegou ao noticiário: a morte do trompetista carioca Pedro Paulo, um dos últimos da brilhante geração de músicos que criou o samba-jazz. De 1960 a 1966, eles produziram 20 ou 30 LPs de uma música instrumental admirada por americanos e europeus: uma fusion de samba e jazz, com toques de be-bop e gafieira. Como toda grande fusion, o samba-jazz não era a soma de um gênero com outro, mas uma terceira coisa, exclusiva —e, no caso, explosiva.

Pedro Paulo era um dos trompetistas dessa turma, que incluía, no Rio, entre outros, os saxofonistas Meirelles, Paulo Moura, Juarez Araújo, Aurino Ferreira e Moacir Santos; os trombonistas Raul de Souza e os irmãos Edison e Edmundo Maciel; os violonistas Baden Powell, Durval Ferreira, Roberto Menescal, Oscar Castro Neves, Rosinha de Valença e Geraldo Vespar; os pianistas Luiz Eça, Luiz Carlos Vinhas, Dom Salvador, Sergio Mendes e Eumir Deodato; o vibrafonista Ugo Marotta; o gaitista Mauricio Einhorn; os bateristas Milton Banana, Edison Machado, Dom Um Romão, Wilson das Neves, Hélcio Milito, Victor Manga e João Palma. Pedro Paulo tocou com todos eles, em discos e nos minitemplos do gênero, como os do Beco das Garrafas, em Copacabana.

Pedro Paulo pertenceu ao Sexteto Sergio Mendes, que se apresentou no seminal concerto no Carnegie Hall, em Nova York, em 1962. Mas, principalmente, foi ele o trompete nos dois talvez maiores discos do samba-jazz: “Embalo”, de Tenorio Jr., e “Edison Machado É Samba Novo”, de 1964.

Em 1966, as gravadoras brasileiras, infames praticantes da monocultura, se fecharam para tudo que não fosse iê-iê-iê. O samba-jazz não produzia estouros comerciais, só música para sempre. Vendo as luzes se apagarem, Pedro Paulo devolveu seu trompete ao estojo e dedicou-se à outra profissão para a qual se preparara: a medicina. Só voltou a ele em 1985, para tentar salvar o que restava de música instrumental no Brasil.

Dr. Pedro Paulo nos deixou. O trompetista continua em discos hoje raros e preciosos.


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