By Автор 
Um transporte público caro, desorganizado e desconectado. Dentro de ônibus, barca, trem, metrô, o carioca perde em média quatro horas por dia indo e voltando do trabalho. Nos ônibus velhos e despontuais enfrenta uma tortura. Acordo firmado em 2014 previa climatizar 100% da frota em dois anos. Até hoje, com mais um verão de calorão terminando, as empresas não dão a mínima. Os governos estadual e municipal aplicam multas que não são pagas e fazem fiscalizações para inglês ver. Não espanta que a população corra para o transporte em motos via aplicativos, mais barato e mais arriscado.
No papel há orçamentos que beiram os R$ 100 bilhões. Estudos para a linha 3 do metrô —ligando sob a baía de Guanabara o Rio a São Gonçalo— estão na gaveta desde 1968, quando o projeto metroviário da cidade foi lançado. Na campanha de reeleição, o governador Cláudio Castro prometeu o início das obras, que jamais começaram.
Como também garantiu a conclusão da estação Gávea. A promessa agora é inaugurá-la daqui a três anos —12 a mais do que o prazo inicial, que era a Olimpíada do Rio, em 2016. Quem acredita?
A estação está inundada desde 2018, para evitar o desabamento de túneis. O novo projeto lembra mais a construção de um puxadinho. O trecho entre o Leblon e a Gávea foi suprimido. A ideia é concluir apenas o percurso até São Conrado. Para chegar ou sair da plataforma, que fica a 55 metros de profundidade, os passageiros terão de usar as pernas ou elevadores. As escadas rolantes foram cortadas da proposta de contrato com a empresa que deve investir R$ 600 milhões em troca da concessão por dez anos.
Um novo trecho de metrô parece um milagre, tal o interesse do secretário de Transportes, Washington Reis, na pasta. Ele passou os últimos meses conversando com advogados sobre um assunto pessoal. Candidato de Bolsonaro ao governo do Rio, tentou reverter sua inelegibilidade no Supremo Tribunal Federal. Mas o ministro Flávio Dino manteve a condenação por crime ambiental. O jeito será não fazer nada na secretaria.