A Universidade Columbia, de Nova York, concordou com uma série de exigências feitas pelo governo de Donald Trump como condição para recuperar US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) em financiamento federal cortado pela Casa Branca neste mês em meio a acusações de que a escola tolera o antissemitismo no campus.
A universidade divulgou um memorando detalhando seu acordo com o governo horas antes do prazo estendido que havia sido estabelecido pelo governo expirar.
O memorando delineia medidas tomadas, incluindo a proibição de máscaras faciais no campus, o empoderamento de agentes de segurança para remover ou prender indivíduos na universidade, e a retirada do corpo docente do controle do departamento que oferece cursos sobre o Oriente Médio.
A resposta da universidade é observada por outras instituições de ensino superior às quais a gestão impôs sanções em meio ao avanço de seus objetivos políticos em áreas que vão de protestos em campi a iniciativas de diversidade.
A Casa Branca alertou pelo menos 60 outras universidades sobre possíveis ações devido a suposta falha em cumprir as leis federais relativas a direitos civis e ao antissemitismo. A gestão Trump também mira ao menos três escritórios de advocacia que o presidente diz terem ajudado seus oponentes políticos ou o processado injustamente.
Entre as mais controversas das nove exigências, Columbia concordou em colocar seu departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul da Ásia e África sob um novo responsável, disse o memorando, retirando o controle de seu corpo docente.
A universidade nomeará ainda um novo gestor sênior para revisar o currículo e o corpo docente e assegurar que estes sejam equilibrados, e para fornecer uma nova liderança ao departamento, que oferece cursos sobre política do Oriente Médio e assuntos relacionados.
A exigência gerou alarme entre professores de Columbia e de outras instituições, que temem que permitir que o governo federal dite como um departamento é administrado estabelece um precedente perigoso.
Parlamentares republicanos na Câmara dos Representantes criticaram no ano passado pelo menos dois professores de ascendência palestina que trabalham no departamento por seus comentários sobre a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
A universidade também contratou 30 funcionários especiais com o poder de prender pessoas no campus e revisou suas políticas antidiscriminação, incluindo sua autoridade para impor sanções a organizações do campus, de acordo com o memorando.
Máscaras faciais que ocultem identidades não são mais permitidas, e qualquer manifestante agora deve se identificar quando solicitado, ainda segundo o memorando.
A instituição também afirma que está buscando novos integrantes do corpo docente para “garantir diversidade intelectual.” Columbia planeja preencher posições conjuntas no Instituto de Estudos Judaicos e de Israel e na faculdade de relações internacionais em um esforço para garantir “excelência e justiça nos estudos do Oriente Médio,” diz o texto.
O corte repentino de milhões de dólares em financiamento federal para a Universidade Columbia neste mês já estava interrompendo pesquisas médicas e científicas na escola, disseram pesquisadores.