19 mar 2025, qua

Porchat estreia 7ª temporada do Que História É Essa – 19/03/2025 – Thiago Stivaletti

São Paulo

Só tem um lugar no Brasil em que a Fernanda Lima conta de um vexame que rolou quando saltou de bungee jump na África, o funkeiro Naldo Benny lembra de quando fugiu de um tiroteio num shopping nos EUA e a atriz Karine Teles conta que já foi estrela de um canal pornô. É o programa Que História É Essa, Porchat?, que estreou sua sétima temporada ao vivo na noite da última terça (18).

Nenhum outro programa da TV brasileira segue mais o lema “em time que tá ganhando não se mexe”. No Que História É Essa?, o conteúdo é mais importante do que a forma, e nada supera uma fórmula imbatível: celebridades e anônimos contando histórias divertidas e surreais, levantando uma bola para Porchat cortar com seu dom para o improviso treinado nos palcos de stand-up.

Por isso, a opção pelo ao vivo não trouxe grandes novidades –os anéis de Naldo caíam das mãos o tempo todo, Fernanda Lima estava exausta por conta do atraso no voo que a levou ao Rio. Por sorte, os convidados mandaram bem na concisão das histórias, mas um outro poderia se enrolar e precisar de uma edição.

Ah, sim, o novo formato também teve a nova obsessão da TV ao vivo, os tuítes selecionados em tempo real com elogios ao programa e exibidos na tela –que não fazem a mínima diferença para o espectador que está assistindo, neste ou em qualquer outro programa.

Mentiras sinceras

Para a estreia, o maior acerto foi o convite ao funkeiro Naldo Benny, o nosso Forrest Gump, conhecido por suas fake news prodigiosas –entre outras, falou com tanta convicção no programa da Cissa Guimarães que foi o responsável pelo show da Madonna no Rio que a apresentadora acreditou por alguns minutos.

A história do tiroteio no shopping pareceu verdadeira, mas pouco importa –no Porchat, o importante é que a história seja boa e nos faça sentir na mesa do boteco.

Na plateia, a história de Gabriella Rego, que aos dez anos colou o olho com Super Bonder, fez jus às melhores já contadas no programa. E pegando um gancho na história de Karine Teles, os convidados participaram de uma improvável corrida de vibradores numa mesa colocada no palco. Puro suco de Brasil.

Antes do final, Porchat anunciou que havia perguntas novas para o bloco final, em que conversa com seus convidados num balcão. Houve só uma pergunta nova (“Se você pudesse escolher um famoso para te entregar o Oscar, quem seria?”) e a mofada pergunta sobre a frase na lápide, que já poderia ter sido enterrada. É um terreno onde o programa podia inovar mais.

Na primeira pergunta, Karine Teles cometeu uma gafe: escolheu a atriz americana Gena Rowlands para lhe dar um Oscar, dizendo que ela ainda está viva –não ficou sabendo que a musa do cinema independente morreu há sete meses. E Naldo não fazia noção do que era uma lápide. Coisas do ao vivo.

Uma novidade prometida e ainda não entregue é que Porchat vai se inspirar no colega Paulo Vieira, sair do estúdio e fazer edições especiais viajando o Brasil atrás de histórias curiosas. Vai ser um bom teste para entender se o formato do estúdio é fundamental ou se a alma da coisa está mesmo no talento do apresentador, onde quer que ele esteja.

Que História É Essa, Porchat? – 7ª temporada

Novos episódios toda terça, às 21h45, no GNT e Globoplay


Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow)

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