Prestes a completar 20 anos, o PSOL fará pela primeira vez uma revisão de seu programa partidário.
Uma reunião do diretório nacional nos dias 15 e 16 de fevereiro dará início ao processo, nomeando uma comissão que organizará a nova versão do documento, que foi divulgado em 2005 e nunca atualizado. O objetivo é finalizá-lo em setembro.
Haverá seminários nacionais e nos estados, além de um canal digital para receber sugestões de filiados.
“Queremos que seja um programa que responda às novas demandas da esquerda no século 21”, diz a presidente do partido, Paula Coradi.
Em 2005, quando o partido foi fundado por dissidentes do PT, temas como a agenda ambiental, questões identitárias e empreendedorismo não tinham o peso de hoje. “O partido precisa incorporar esses assuntos em seu programa”, diz Coradi.
Além disso, a direita não tinha a força atual e não se discutia, por razões óbvias, assuntos como regulação de redes sociais e inteligência artificial.
“O mundo mudou profundamente nas relações econômicas, sociais e políticas desde quando o PSOL foi fundado, sobretudo após a crise financeira de 2008”, diz a dirigente.
O programa atual cita temas que não estão mais na agenda do dia, como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), projeto que tinha resistência na esquerda e foi abandonado, e a reforma da Previdência, que já foi aprovada no Congresso.
Coradi diz que a decisão de reformular o programa partidário não foi motivada pela eleição do ano passado, quando o PSOL teve derrotas em São Paulo e Belém e não conseguiu eleger nenhum prefeito. Já havia essa previsão desde a mudança no comando do partido, em outubro de 2023.
Muitos dirigentes avaliam, no entanto, que o partido ficou exposto a ataques de seus adversários, sobretudo com a pecha de radical.
Não há, segundo a presidente do partido, nenhuma intenção de atenuar o caráter socialista e de esquerda do PSOL ou fazer algum tipo de guinada ao centro. “Queremos que seja um partido que responda aos novos desafios. E sabendo que teremos muito mais perguntas do que respostas”, afirma.