21 mar 2025, sex

Tarifas: Trumo diz que seria melhor Fed cortar juros – 20/03/2025 – Mercado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira (19) que seria melhor para o Federal Reserve (o banco central dos EUA) reduzir os juros “à medida que as tarifas dos EUA começarem a fazer a transição para a economia”.

O comentário foi feito em um post na plataforma de Trump, a Truth Social, no mesmo dia em que o Fed manteve a taxa de juros no país inalterada, na faixa de 4,25% a 4,50%. As tarifas de Trump não foram diretamente citadas pelo comunicado do Fomc (comitê de política monetária dos EUA) que acompanha a decisão do Fed.

No entanto, em entrevista a jornalistas após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que as tarifas influenciaram as projeções econômicas dos diretores do banco para os próximos meses, que agora esperam um crescimento menor do PIB em 2025 e uma inflação mais alta ao fim do ano.

Powell afirmou que há “muitas coisas que não sabemos” sobre o tamanho e o impacto das tarifas, mas observou que elas “tendem a reduzir o crescimento e aumentar a inflação” e que “o progresso na inflação pode ser adiado por causa delas”.

Os membros do Fomc agora esperam que o PIB cresça 1,7% este ano, frente a previsão de 2,1% de dezembro. Também esperam que preços subam 2,7%, ante previsão anterior de 2,5% e veem uma taxa de desemprego de 4,4% no final de 2025, frente a previsão de 4,3% de dezembro.

A declaração oficial do comitê diz que “a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou.” Powell reforçou esse discurso, dizendo que a incerteza está “excepcionalmente elevada”, mas defendeu que a “economia está forte de forma geral”.

Os membros do Fed também projetam mais um ou dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa este ano —o mesmo que em dezembro. No entanto, subiu de um para quatro o número de membros do comitê que espera que nenhum corte ocorra este ano.

O Fed reduziu os juros em um ponto percentual em 2024, e uma postura cautelosa e de menos reduções em 2025 vem sendo adotada desde então. A primeira reunião deste ano, que ocorreu em janeiro, interrompeu uma sequência de três cortes de juros.

Para economistas, a incerteza em torno das tarifas de Trump complicou a tarefa do Fed em enviar uma mensagem clara sobre a direção da economia.

Joe Brusuelas, economista-chefe da empresa de consultoria e impostos RSM US, afirma que o Fed está enfrentando “uma posição política difícil” porque aumentar tarifas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país poderia simultaneamente aumentar as pressões de preços e enfraquecer o mercado de trabalho, cada um dos quais apoiaria decisões opostas sobre taxas de juros.

“O banco central terá que decidir entre manter os juros elevados para conter a inflação ou reduzi-los para estimular a economia. Esse dilema se tornará mais evidente no segundo semestre de 2025 e 2026, quando o impacto das tarifas for sentido e os sinais de desaceleração se intensificarem”, acrescenta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Até o momento, os indicadores mais observados pelo Fed sobre inflação e desemprego ainda não sofreram grande impacto com os planos de Trump. A taxa de desemprego subiu para 4,1% em fevereiro, a economia criou 151 mil postos de trabalho e a inflação continua acima da meta de 2%.

No entanto, as mudanças abruptas de política provocaram uma venda no mercado de ações, preocupação por parte das empresas e temores de uma possível recessão. Powell afirmou que o Fed não faz previsões de recessão e disse que previsões externas “cresceram, mas não estão altas”.

A maior parte das tarifas prometidas ainda está em formação, e há debates urgentes à frente sobre o teto da dívida federal e o desejo de Trump de estender os cortes de impostos de seu primeiro mandato na Casa Branca.

“Sabemos que todos —empresas, famílias e formuladores de políticas monetárias— odeiam a incerteza”, disse David Wilcox, ex-membro da equipe do Fed que agora trabalha no Peterson Institute for International Economics e na Bloomberg Economics.

Com informações Reuters e Financial Times

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